terça-feira, 27 de outubro de 2009

Podas no cafeeiro

As podas e desbrotas são operações importantes na lavoura de café. Cafezais que não sofrem podas periódicas terão a sua capacidade produtiva afetada mais cedo ou mais tarde. A produtividade de cafezais em livre crescimento tende a cair acentuadamente, à medida qua a lavoura envelhece. O cafeeiro em bom estado de nutrição e de sanidade possui uma conformação típica em forma cilíndrica, indicadora de equilíbrio entre o estado vegetativo e a frutificação.

O estado de nutrição é freqüentemente afetado por fatores diversos, cujos efeitos sobre o estado vegetativo determinam alterações na forma típica do cafeeiro. Entre esses fatores, os principais são;

Envelhecimento da lavoura
Adubação desequilibrada
Produções muito elevadas
Espaçamento reduzido
Ataque de pragas e doenças
As principais alterações vegetativas provocadas pela ação isolada ou conjunta desses fatores e que indicam necessidade de poda do cafeeiro são:

Baixo crescimento de ramos produtivos
Morte de ramos inferiores
Morte de ramos superiores
Cinturamento ou morte de ramos medianos
Ramos produtivos longos com rosetas ralas
Crescimento exagerado, provocando:
Altura excessiva dos cafeeiros
Fechamento da lavoura
A manutenção da forma típica do cafeeiro, através de podas, é necessária para que se consiga:

Favorecer o desenvolvimento de ramos responsáveis pelo aumento de produção
Aumentar a luminosidade e o arejamento da copa
Facilitar a colheita
Facilitar os tratamentos fitossanitários e aumentar sua eficiência
Reduzir o consumo de água do solo nos períodos críticos de falta de umidade
Proporcionar maior regularidade de exploração da capacidade produtiva do cafeeiro
As podas são, pois, interferências que o produtor realiza para manter ou restabelecer a conformação típica do cafeeiro, delas resultando maiores colheitas, estabilidade da produção, menores custos e, portanto, maior lucro.



2 - TIPOS DE PODA

Para cada tipo de alteração ocorrida na conformação do cafeeiro, existe um tipo de poda recomendado. Os principais tipos de poda, aplicáveis a cada caso são:



3 - RECEPA

Também conhecida como poda de renovação, a recepa é um tipo de poda drástica, aplicável a lavouras que sofreram danos vegetativos severos. A recepa implica na eliminação da copa no ponto acima do qual os danos se verificaram, e é executada através de corte realizado no tronco. É a intensidade do dano causado e sua localização que determina a altura necessária do corte. Conforme a altura necessária do corte a recepa se denomina alta ou baixa.

Recepa baixa: É o corte do tronco a uma altura de 30 a 40 centímetros, indicada como necessária em decorrência de dano total sobre a vegetação, inclusive perda da saia. Recomendada também quando a lavoura sofreu processo de fechamento e conseqüente perda da saia.

Recepa alta: É o corte do tronco a uma altura de 50 centímetros a 1 metro, altura essa indicada pela presença de ramos produtivos na saia que o cafeeiro ainda tenha conservado, e que deverão permanecer depois do corte do tronco. Os ramos produtivos da saia mantidos intactos depois do corte são chamados de "pulmão". Por isso a recepa alta é também conhecida como "recepa com pulmão".

Por proporcionar uma recuperação mais rápida, mais intensa e mais vigorosa do crescimento vegetativo, a recepa com pulmão tem resultado em produções maiores quando comparada com a recepa sem pulmão.



4 - ÉPOCA DA RECEPA

A recepa é sempre realizada depois da colheita. Se a colheita dor pequena e as plantas não apresentarem sinais de esgotamento, pode ser realizada nos meses de agosto e setembro. Mas, como se prefere fazer a recepa num ano de alta produção, neste caso, deve ser realizada nos meses de novembro ou dezembro. Esses procedimentos são necessários as plantas se recuperarem do esgotamento provocado por colheita elevada. Essa recuperação ou revigoramento pode ser auxiliado pela aplicação de adubações, inclusive foliares.



5 - CUIDADOS ÁPOS A RECEPA

Depois da recepa, deverão ser efetuadas desbrotas quando os brotos atingirem 20 a 30 centímetros de altura, deixando-se dois por tronco, e sempre que possível, os que estiverem no sentido do alinhamento das ruas.

É recomendável a realização de pulverizações foliares depois da recepa para melhorar o crescimento vegetativo, o que deve ser feito logo após o início da rebrota.



6 - DECOTE OU PODA ALTA

É o tipo de poda que consiste no corte do tronco para evitar o crescimento excessivo da planta. Esse corte é normalmente executado entre 1,70 a 2,00 metros, sendo neste caso chamado de decote alto. Quando o corte do tronco é feito entre 80 centímetros e 1 metro, tem-se o decote baixo; e quando feito entre 1,20 e 1,50 metros tem-se o decote médio.

A altura do corte é definida de acordo com as alterações da copa, sendo indicada para lavouras que se encontram em vias de fechamento, sem perda da saia ou que apresentam cinturamento (pescoço pelado), ou ainda quando apresentam altura excessiva. A época para realização do decote é a mesma da recepa.

Depois do decote a lavoura poderá ser conduzida de várias maneiras, a saber:

Com desbrota, conduzindo-se um ou dois brotos
Livre crescimento, ou seja, sem desbrota
Sem brotação ou desbrota total.
Da mesma forma que a recepa, o decote pode ser feito em toda a lavoura, na totalidade de alguns talhões ou em linhas alternadas. Quando feito em linhas alternadas, as plantas não decotadas ser podadas no ano seguinte, decotando-se novamente as primeiras depois de dois ou três anos.

O decote é a primeira operação que o cafeicultor deve realizar para recuperar ou renovar os ramos produtivos de sua lavoura.



7 - ESQUELETAMENTO

Indicado para lavoura em vias de fechamento. É a poda em que a planta sofre um decote na altura de 1,80 metros aproximadamente, seguido de corte dos ramos laterais a uma distância de 20 a 30 centímetros do tronco. Pode ser feito também com ou sem pulmão.



8 - DESPONTE OU DESBASTE DE RAMOS PRODUTIVOS

É a poda que deve ser usada para renovação e ravigoramento de ramos produtivos, quando estes atingem comprimento excessivo, superior a 1,20 metros ou quando começarem a mostrar sinais de esgotamento que se reconhece pela falta de vigor, crescimento insatisfatório e principalmente rosetas ralas.

O desponte é, portanto, o corte que se faz nos ramos produtivos para redução de seu comprimento excessivo, devendo ser maior, conforme a localização do dano, levando-se em consideração o estado médio da lavoura ou talhão.

É uma poda simples e de bons resultados que pode ser feita isoladamente ou em associação com outro tipo de poda.



9 - PODAS EM PLANTIOS ADENSADOS

Em lavouras adensadas recomenda-se a adoção de um esquema de "podas sistemáticas" para impedir o fechamento e a queda da produção e ao mesmo tempo, facilitar os tratos culturais.

O ciclo de podas em cafezais adensados vai depender da cultivar, do espaçamento e de outros fatores que determinam o fechamento, como por exemplo, a intensidade das adubações.

Como regra geral, as podas em cafezais adensados iniciam-se quando a capacidade produtiva dos cafeeiros ainda não foi afetada. A partir daí, é necessária a realização de podas sistemáticas.



10 - RECEPA EM ADENSADOS

É uma prática utilizada com bons resultados. Após quatro ou cinco colheitas, a lavoura encontra-se totalmente fechada, impedindo a penetração de luz em seu terço inferior, reduzindo sensivelmente a produtividade. A recepa proporciona uma "nova lavoura" após dois anos. A diferença da recepa de uma lavoura convencional para uma lavoura adensada é que, em espaçamentos mais largos ela só deve ser usada em último caso, para plantas velhas e decadentees (em média com mais de 15 anos).



11 - RECEPA COM PULMÃO

É uma recepa menos drástica e que apresenta recuperação mais rápida. Para a execução desta poda, deve-se cuidar para que seja realizada no momento adequado, antes que a lavoura perca a "saia".



12 - DECOTE BAIXO

Em lavouras com altas populações, é uma poda provisória, havendo a necessidade de nova poda após duas colheitas, pois a lavoura a se fechar novamente. No espaçamento convencional, este tipo de poda tem um resultado melhor, prolongando a produtividade por mais colheitas.



13 - DESPONTE COM DECOTE

É o rebaixamento da lavoura, simultaneamente ao corte de ramos plagiotrópicos (produtivos) já esgotados, forçando a sua ramificação e desenvolvendo maiores áreas produtivas na planta, no intervalo de um ano agrícola, no qual a produção deverá ser nula. Em lavouras convencionais o resultado é bom e duradouro, mas em lavouras adensadas também é uma poda provisória, voltando a lavoura a se fechar em dois a três anos.



14 - ESQUELETAMENTO COM DECOTE

Diferencia-se do desponte por ser mais drástico (o corte dos plagiotrópicos será a cerca de 20 centímetros). Em lavouras adensadas, é mais duradouro que a poda anterior.



15 - ELIMINAÇÃO DE RUAS ALTERNADAS

Lavouras adensadas que serão conduzidas desta forma, devem ser planejadas para que no plantio o espaçamento entre ruas seja a metade do espaçamento definitivo, ou seja, com o dobro de plantas por área, sendo ideal que no final fique em torno de 3,2 a 4,0 metros. As ruas alternadas serão eliminadas após três ou quatro colheitas, quando a lavoura começa a apresentar problemas de sombreamento, contudo, evitando que perca a "saia".



16 - RECOMENDAÇÕES GERAIS SOBRE AS PODAS

No caso de grandes áreas, a altura de corte do tronco, no caso de recepa, decote ou esqueletamento, deverá ser a mesma para todas as plantas de uma lavoura ou de um talhão. A escolha dessa altura deverá recair sobre o mínimo exigido de modo atender as necessidades das plantas mais afetadas pelos danos constatados. Assim, se depois de uma avaliação, for constatado que existem plantas em número razoável, cuja exigência de corte do tronco deve ser feito a 1,50 metros, todas as plantas deverão ter seus troncos cortados a essa altura, inclusive aquelas cujo corte poderia ser feito numa altura maior. Logicamente, esse procedimento tem que ser adotado para manter a uniformidade de altura das plantas na lavoura.

O cafezal deve ser conduzido através de desbrotas para eliminação de ramos ladrões, realizadas sistematicamente pelo menos uma vez por ano. Quando for submetido à qualquer tipo de poda, esta prática é obrigatória. Depois de qualquer tipo de poda, o produtor deverá fazer as desbrotas necessárias para eliminação de brotações prejudiciais, ou seja, eliminação de brotos ladrões.

Não se recomenda poda drástica de plantas logo depois de terem sofrido injúrias severas, tais como geada, chuva de pedra, produções excessivas, secas prolongadas ou ataque intenso de pragas ou doenças.

O cafeeiro é uma planta que só produz em ramos novos, ou seja, em novos crescimentos. Por isso, a poda deve ser uma operação rotineira para se conseguir maior produção e revigoramento da lavoura.

Alguns autores recomendam que a melhor solução é a combinação de dois sistemas de poda, recepa entre 8 e 10 anos ( 4 ou 5 linhas recepadas de 2 em 2 anos ) e decote a medida em que as plantas ultrapassassem 2 m (GAMA-1967, MANUAL DO CAFEICULTOR ).



17 - RENDIMENTO DO TRABALHO NAS OPERAÇÕES DE PODAS

O trabalho necessário para a execução de podas no cafeeiro varia de acordo com as condições da lavoura, do tipo de poda e do processo ser mecânico ou manual. Os rendimentos médios do trabalho diário de um homem que utiliza instrumentos manuais são os seguintes:

Recepa baixa
50 a 80 cafeeiros
Recepa alta
80 a 100 cafeeiros
Decote manual
100 a 150 cafeeiros
Decote mecânico
6.000 a 8.000 cafeeiros
Esqueletamentos
60 a 80 cafeeiros


18 - DESBROTA

Em café novo
300 a 500 cafeeiros
Em café adulto
120 a 2 00 cafeeiros


Obs.

Uma recepa baixa realizada em 100 covas de cafeeiros adultos fornece 30 a 40 metros cúbicos de lenha.

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